Adorei o convite da Sandra e da Bárbara para um post aqui no Sweet. Demorei um pouco, mas a ideia estava cá, afinal faz parte do meu dia a dia.
Sou tia de vários filhos de amigos. Não me tratam necessariamente por tia, mas sinto-me tia de todos eles.
Ser tia passa muito por ir com eles brincar para o chão, construir legos ou simplesmente ficas a ver tv com eles aninhados em mim, cada um à sua maneira (o João tinha de ter nem que fosse uma mão em cima de um braço meu, o Diogo punha os pés debaixo de mim). E passa muito também por querer saber da sua evolução, estejam a começar a andar ou a acabar o 5º ano (a sério, Diogo, 5º ano já feito?).
Há filhos de amigos que não acreditam na idade tenho. Não porque tenham noção do que cada idade parece, mas porque me vêem mais próxima deles que dos pais. Sabem que sou amiga dos pais, por isso devo ser crescida, por outro lado sou quase uma deles, não posso ter quase 40 anos como os pais.
Mais que os maçar com pedidos de gracinhas, adoro observá-los, cinco minutos que esteja com um baby são para aproveitar, são para ver um gesto, uma gracinha e tentar guardá-la para sempre na memória. Não invado, não vou a correr para cima de um bebé, fico à distancia a dar-lhe espaço, ele saberá quando me quer dar confiança. Gosto muito de provocar uma gargalhadinha a um bebé, e adoro quando já mais velhos me topam o tom mais sarcástico ou irónico. Ouvi-los rir ou dizer “olha a Marta, disse assim…” é música para os meus ouvidos. Ser tia é um pouco deixá-los conhecer-nos, sentirem-se próximos ainda que nos respeitem como adultos que somos. O João e o Diogo são dois desses sobrinhos. O David também. Talvez a Marta me veja assim às vezes. Há mais, mas estou com todos menos vezes.
A Carlota… Se me seguem no twitter ou somos amigos de facebook (adoro) saberão que há uma Carlotinha na minha vida. Bom, a Carlota foi uma sobrinha que me apareceu no caminho, a mãe e eu somos amigas de infância, estivemos alguns anos sem contacto e entretanto reencontrámo-nos. A Carlota nasceu numa altura em que eu estava sem trabalhar e a mãe propôs-me ficar com ela dois meses. Depois a Carlota iria para a escola. Muito bem, assim ficou combinado e comecei em julho de há dois anos, tinha a Carlota 5 meses. Um pouco antes do fim do mês a Carlotinha começou uma caminhada que não esperávamos. Para não tornar este um post muito pesado direi que acabei por ficar com ela mais nove meses que os dois previstos, acompanhei de perto e in loco consultas, exames, ressonâncias. Dar-lhe de comer era uma aventura diária, cada dia era de uma forma e uma reacção diferentes. Está tudo bem agora, ainda não acabou, mas a Carlota está numa escola maravilhosa e é muito bem acompanhada por todos os lados (é mesmo assim). Ora, a minha relação de tia com a Carlota é necessariamente diferente por vários motivos. Estive diariamente com ela e foram dias muito intensos, de muita responsabilidade, mas dias sempre emocionantes e divertidos muitas vezes. A Carlota nunca me esquece, mesmo que não a veja um mês seguido. Saber que se faz parte da vida de uma criança que não nos vê é uma sensação indescritível. Agora a Carlota também já consegue estar sentada no chão a brincar e seguir-nos conversas e pedidos de gracinhas (eu sei, mas é irresistível). Ser tia é emocionar-me com a normalidade que ela vai conquistando diariamente.
Enfim, adoro todos os meus sobrinhos e adopto todos os que posso. O Vinnie e o Sebastião são sobrinhos de todos nós, que seguimos as suas mães. Adoro cá vir saber novidades de todos, meninos e mães nas suas primeiras viagens.
Marta Spínola é tia sem o ser de diversas crianças, autora do blog Da vida de Pi e criadora da hashtag #CarlotaDays. Twitteira extraordinaire.